Trecho de entrevista de São Josemaria Escrivá, Fundador do Opus Dei, concedida a Pilar Salcedo, Diretora da revista feminina Telva (Madri, Espanha), em 1º de março de 1968.
O senhor aludiu à presença da mulher na vida pública, na política. Atualmente estão se dando passos importantes neste sentido. Qual é, a seu ver, a tarefa específica que a mulher deve realizar neste terreno?
A presença da mulher no conjunto da vida social é um fenômeno lógico e totalmente positivo, parte desse outro fenômeno mais amplo a que antes me referi. Uma sociedade moderna, democrática, tem que reconhecer à mulher o direito de participar ativamente da vida política, cumprindo-lhe criar as condições favoráveis para que exerçam esse direito todas as que o desejarem.
A mulher que queira dedicar-se ativamente à direção dos assuntos públicos está obrigada a preparar-se convenientemente, a fim de que sua atuação na vida da comunidade seja responsável e positiva. Todo o trabalho profissional exige uma formação prévia e depois um esforço constante para melhorar essa preparação e acomodá-la às novas circunstâncias que apareçam. Esta exigência constitui um dever particularíssimo para os que aspiram a ocupar postos de direção na sociedade, pois são chamados também a um serviço muito importante, de que depende o bem estar de todos.
Se a mulher dispõe da preparação adequada, deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis. Neste sentido, não se podem apontar umas tarefas específicas que sejam da competência exclusiva da mulher. Conforme disse antes, neste terreno o específico não é dado tanto pela tarefa ou pelo posto, como pelo modo de realizar essa função, pelos matizes que a condição de mulher encontrará para a solução dos problemas a enfrentar, e inclusive pela própria descoberta e equacionamento desses problemas.
Em virtude dos dons naturais que lhe são próprios, a mulher pode enriquecer muito a vida civil. Isto salta à vista, se nos detivermos no vasto campo da legislação familiar ou social. As qualidades femininas proporcionam a melhor garantia de que serão respeitados os autênticos valores humanos e cristãos no momento de se tomarem medidas que de algum modo afetem a vida da família, o ambiente educativo, o futuro dos jovens.
Acabo de mencionar a importância dos valores cristãos para a solução dos problemas sociais e familiares, e quero sublinhar aqui sua transcendência em toda a vida pública. Tal como no caso do homem, a fé cristã confere à mulher que tiver de se ocupar numa atividade política a responsabilidade de realizar um autêntico apostolado, quer dizer, um serviço cristão a toda a sociedade. Não se trata de representar oficial ou oficiosamente a Igreja na vida pública e menos ainda de servir-se da Igreja para a carreira pessoal ou para interesses de partido. Pelo contrário, trata-se de formar livremente as opiniões pessoais, em todos estes assuntos temporais em que os cristãos são livres, e de assumir a responsabilidade pessoal do seu pensamento e atuação, preservando sempre a coerência com a fé que se professa.
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