Trecho de entrevista de São Josemaria Escrivá, Fundador do Opus Dei, concedida a Pilar Salcedo, Diretora da revista feminina Telva (Madri, Espanha), em 1º de março de 1968.
Um grande problema feminino é o das mulheres solteiras. Referimo-nos àquelas que, embora com vocação matrimonial, não chegam a casar-se. Como não o conseguem, perguntam-se: para que estamos nós no mundo? Que lhes responderia?
Para que estamos no mundo? Para amar a Deus com todo o nosso coração e com toda a nossa alma, e para estender esse amor a todas as criaturas. Ou será que isto parece pouco? Deus não deixa nenhuma alma abandonada a um destino cego; para todas tem um desígnio, a todas chama com uma vocação pessoalíssima, intransferível.
O matrimônio é caminho divino, é vocação. Mas não é o único caminho, nem a única vocação. Os planos de Deus para cada mulher não estão necessariamente ligados ao matrimônio. Têm vocação e não chegam a casar-se? Em algum caso, talvez seja assim; ou, quem sabe, talvez tenha sido o egoísmo ou o amor próprio que impediu que esse chamado de Deus se cumprisse.
Mas outras vezes, a maioria mesmo, isso pode ser um sinal de que o Senhor não lhes deu vocação matrimonial. Sim, gostam de crianças, sentem que seriam boas mães, que entregariam seu coração fielmente ao marido e aos filhos. Mas isso é normal em todas as mulheres, também naquelas que, por vocação divina, não se casam — podendo fazê-lo — para se ocuparem no serviço de Deus e das almas.
Não se casaram? Pois bem: que continuem, como até agora, amando a vontade de Deus, vivendo na intimidade desse Coração amabilíssimo de Jesus, que não abandona ninguém, que é sempre fiel, que vai olhando por nós ao longo desta vida, para se dar a nós desde agora e para sempre.
Além disso, a mulher pode cumprir a sua missão — como mulher, com todas as suas características femininas, incluindo as características afetivas da maternidade — em círculos diferentes da própria família; em outras famílias, na escola, em obras assistenciais, em mil lugares. A sociedade é, às vezes, muito dura — com grande injustiça — para com aquelas a quem chamam de solteirona. Mas há mulheres solteiras que difundem à sua volta alegria, paz, eficácia, que sabem entregar-se nobremente ao serviço dos outros e ser mães, em profundidade espiritual, com mais realidade do que muitas que são mães apenas fisiologicamente.
Adoro este texto. Não me responde às dúvidas mais profundas, mas sempre me acalenta nos dias difíceis.
ResponderExcluirSer a "solteirona" não é fácil. Nem tanto pela atitude jocosa de muitos, mais pelas certeza que tudo se torna cada dia mais alheio a nós, já que nos tornamos cada vez mais estrangeiras a este mundo e aos que aqui vivem.