sábado, 18 de dezembro de 2010

São Josemaría fala sobre a Mulher: feminilidade e dignidade da solteira

 

Trecho de entrevista de São Josemaria Escrivá, Fundador do Opus Dei, concedida a Pilar Salcedo, Diretora da revista feminina Telva (Madri, Espanha), em 1º de março de 1968.

Um grande problema feminino é o das mulheres solteiras. Referimo-nos àquelas que, embora com vocação matrimonial, não chegam a casar-se. Como não o conseguem, perguntam-se: para que estamos nós no mundo? Que lhes responderia?

Para que estamos no mundo? Para amar a Deus com todo o nosso coração e com toda a nossa alma, e para estender esse amor a todas as criaturas. Ou será que isto parece pouco? Deus não deixa nenhuma alma abandonada a um destino cego; para todas tem um desígnio, a todas chama com uma vocação pessoalíssima, intransferível.

O matrimônio é caminho divino, é vocação. Mas não é o único caminho, nem a única vocação. Os planos de Deus para cada mulher não estão necessariamente ligados ao matrimônio. Têm vocação e não chegam a casar-se? Em algum caso, talvez seja assim; ou, quem sabe, talvez tenha sido o egoísmo ou o amor próprio que impediu que esse chamado de Deus se cumprisse.

Mas outras vezes, a maioria mesmo, isso pode ser um sinal de que o Senhor não lhes deu vocação matrimonial. Sim, gostam de crianças, sentem que seriam boas mães, que entregariam seu coração fielmente ao marido e aos filhos. Mas isso é normal em todas as mulheres, também naquelas que, por vocação divina, não se casam — podendo fazê-lo — para se ocuparem no serviço de Deus e das almas.

Não se casaram? Pois bem: que continuem, como até agora, amando a vontade de Deus, vivendo na intimidade desse Coração amabilíssimo de Jesus, que não abandona ninguém, que é sempre fiel, que vai olhando por nós ao longo desta vida, para se dar a nós desde agora e para sempre.

Além disso, a mulher pode cumprir a sua missão — como mulher, com todas as suas características femininas, incluindo as características afetivas da maternidade — em círculos diferentes da própria família; em outras famílias, na escola, em obras assistenciais, em mil lugares. A sociedade é, às vezes, muito dura — com grande injustiça — para com aquelas a quem chamam de solteirona. Mas há mulheres solteiras que difundem à sua volta alegria, paz, eficácia, que sabem entregar-se nobremente ao serviço dos outros e ser mães, em profundidade espiritual, com mais realidade do que muitas que são mães apenas fisiologicamente.

Um comentário:

  1. Adoro este texto. Não me responde às dúvidas mais profundas, mas sempre me acalenta nos dias difíceis.

    Ser a "solteirona" não é fácil. Nem tanto pela atitude jocosa de muitos, mais pelas certeza que tudo se torna cada dia mais alheio a nós, já que nos tornamos cada vez mais estrangeiras a este mundo e aos que aqui vivem.

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