Esse texto foi escrito pela nossa amiga Aline Brodbeck.
Evidentemente, algumas coisas aqui apresentadas são próprias de uma espiritualidade específica (a do Regnum Christi). Todavia, como se trata de uma espiritualidade cristã, fundamentalmente, o conteúdo, com as devidas adaptações, serve a toda classe de católicos fiéis à Igreja!
I. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. A dignidade e a vocação da mulher
“O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimônio «uma só carne» (Gn 2, 24), e a dominar a terra como «administradores» de Deus.” (Comp. Cat., 71)
II. Dois erros opostos
No tema da mulher, há dois erros opostos.
De um lado, a tentativa de humilhar e escravizar, na prática, a mulher, como se fosse inferior ao homem. Tal foi a idéia predominante no mundo antigo até o advento do Cristianismo. Com efeito, o paganismo foi pródigo em desprezar a mulher e só com a Idade Média, aquela época em que o espírito do Evangelho governou os povos, no dizer de Leão XIII, que garantias jurídicas passaram a existir para a companheira do homem, que lhe é igual em dignidade.
O outro erro é o igualitarismo, de matriz marxista, que vê homem e mulher como iguais não só em essência, mas mesmo nos acidentes. Ora, a igualdade de ambos está em sua origem e destino comuns, no chamado universal à felicidade, e na sua dignidade; não nos elementos acidentais.
Homens e mulheres, é a própria natureza quem nos diz, não são superiores ou inferiores uns aos outros, mas tampouco são iguais. São distintos!
III. A relação entre o homem e a mulher na ordem da Criação
“Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os, no Matrimônio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre eles, «de modo que já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus disse-lhes: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gn 1,28). (...)
A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo Criador, está por sua natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e bem dos filhos. Segundo o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: «O que Deus uniu não o separe o homem» (Mc 10,9).” (Comp. Cat., 337-338)
“No Gênesis encontramos ainda uma outra descrição da criação do homem — homem e mulher (cf. 2, 18-25) — à qual nos referiremos em seguida. Desde agora, todavia, é preciso afirmar que da citação bíblica emerge a verdade sobre o caráter pessoal do ser humano. O homem é uma pessoa, em igual medida o homem e a mulher: os dois, na verdade, foram criados à imagem e semelhança do Deus pessoal.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, de 15 de agosto de 1988, nº 6)
O homem, como cabeça do casal e chefe da família não pode, em razão de sua autoridade, desprezar e maltratar sua esposa. A autoridade do marido é inconteste na Escritura: “Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. (...) Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.” (Ef 5,21-28.33) Entretanto, essa autoridade é espiritual e, pois, não se confunde, com a autoridade mundana. Ser chefe, ser senhor, na espiritualidade cristã, importa em ser servidor. O marido, por chefe, não é o que manda, mas o que serve, o que protege, o que provê a casa com os mantimentos necessários – ainda que a mulher possa e, nos dias de hoje, quase que deva também fazê-lo, como veremos adiante. Outrossim, a submissão da mulher deve ser corretamente entendida: não se trata de subserviência, mas de estar “sob a missão” do marido, de ser dele companheira.
IV. Ser mulher... privilégio e responsabilidade
Há um privilégio na feminilidade: ser mãe – natural ou espiritual. E toda uma série de predicados exclusivos desse ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Como todo privilégio, envolve responsabilidades. É o diálogo entre os privilégios e os deveres da mulher que dará a tônica em nosso círculo.
V. Os papéis da mulher: esposa, mãe, educadora, consagrada
Os modos como se explicitam a dignidade da mulher são a vida consagrada, a virgindade por amor ao Reino, e a maternidade e sua condição de esposa. Claro que pode a mulher realizar tarefas profissionais, ocupar um emprego, mas, como diz a doutrina da Igreja e a visão natural das coisas, “também não se pode afirmar unilateralmente que a mulher só fora do lar alcança sua perfeição, como se o tempo dedicado à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à maturidade da sua personalidade. O lar — seja qual for, porque também a mulher solteira deve ter um lar — é um âmbito particularmente propício ao desenvolvimento da personalidade. A atenção prestada à família será sempre para a mulher a sua maior dignidade: no cuidado com o marido e os filhos ou, para falar em termos mais gerais, no trabalho com que procura criar em torno de si um ambiente acolhedor e formativo, a mulher realiza o que há de mais insubstituível em sua missão e, por conseguinte, pode atingir aí sua perfeição pessoal.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
Como é próprio do homem o sustento da casa e a chefia da família, é próprio da mulher a gerência do lar e o exercício da maternidade e do matrimônio. A vocação primordial do homem casado se dá no âmbito profissional, e a da mulher no âmbito do lar. Em que pese isso, lembre-se que falamos em vocação primordial: secundariamente, o homem pode participar do lar como a mulher pode realizar-se profissionalmente. Os dois âmbitos não se excluem; é apenas questão de pôr o peso devido em cada um para o homem e para a mulher.
“Em primeiro lugar, e de modo ordinário, a mulher realiza a vocação ao amor no matrimônio, como esposa e como mãe. Neste estado de vida, que Cristo santificou por um sacramento, a mulher encontra o espaço vital para dar plenitude à sua existência na doação total de si mesmo a seu esposo e filhos.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
A mulher deve realizar-se, antes do profissional, no âmbito pessoal: como mãe e esposa, de um lado, como consagrada, de outro. E sempre, quer como mãe e esposa, quer como consagrada, como educadora. A mulher, tenha ou não formação em pedagogia, é uma educadora por excelência: de seus filhos (e até do marido!), de seus alunos, de seus parentes, daqueles a quem dá conselho, no uso de seu fino dom, de sua sensibilidade natural. Tem a mulher um “instituto pedagógico, que a natureza lhe deu.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
VI. O movimento feminista e suas distorções
“Existem, hoje, tendências que apresentam a maternidade como um fardo que a mulher deve suportar, que a amarra nos meses de gestação do filho, e posteriormente durante os anos de sua educação. Desta perspectiva, a mulher se realizaria plenamente apenas na vida profissional, na defesa ao ultraje à própria liberdade e autonomia. Claro está que, nesta visão, os filhos se apresenta como inimigos da pretendida felicidade da mulher. Se crê que a mulher ficará prisioneira da família e dos filhos, e que não se poderá realizar. Contudo, as mulheres que compreendem sua vocação à maternidade e a vivem com amor são pessoas totalmente realizadas, alegres, felizes, com uma profunda plenitude humana e uma especial irradiação espiritual.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
As feministas, em seu anseio por uma igualdade utópica e injusta, lutam contra esse ensino profundamente cristão. Para elas, o papel da mulher no lar, tal como ensina a Igreja, é uma humilhação. O lar, dizem, não é a vocação principal da mulher casada. Deve ela realizar-se no trabalho, primeiramente. Quão cegas andam... Ademais, o feminismo é um movimento machista por excelência: então as mulheres só serão dignas se forem iguais ao homem?
“Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher,, não devem significar uma pretensão de igualdade — de uniformidade — com o homem, uma imitação do modo de atuar masculino: isso seria um logro, seria uma perda para a mulher; não porque ela seja mais, mas porque é diferente. Num plano essencial — que deve ser objeto de reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como no eclesiástico —, aí, sim, pode-se falar de igualdade de direitos, porque a mulher tem, exatamente como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus. Mas, a partir dessa igualdade fundamental, cada um deve atingir o que lhe é próprio; e, neste plano, dizer emancipação é o mesmo que dizer possibilidade real de desenvolver plenamente as virtudes próprias; as que tem em sua singularidade e as que tem como mulher. A igualdade perante o direito, a igualdade de oportunidades em face da lei, não suprime, antes pressupõe e promove essa diversidade, que é riqueza para todos.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
VII. O trabalho da mulher
“Tanto como na vida do homem, ainda que com matizes muito peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher: é evidente que a dedicação aos afazeres familiares representa uma grande função humana e cristã. Isto, porém, não exclui a possibilidade de uma ocupação em outros trabalhos profissionais — o do lar também o é —, em qualquer dos ofícios e empregos nobres que há na sociedade em que se vive.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
Embora sua vocação essencial, para a mulher casada, seja no lar, como companheira do marido e educadora dos filhos, “isso não se opõe à participação em outros aspectos da vida social e mesmo da política, por exemplo. Também nesses setores pode a mulher dar uma valiosa contribuição, como pessoa, e sempre com as peculiaridades de sua condição feminina; e assim o fará na medida em que estiver humana e profissionalmente preparada.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
“A mulher participa cada vez mais e com maior competência e profissionalismo no vasto mundo profissional, social, econômico, cultural, político. Nossa sociedade necessita desse toque feminino que transforma as relações frias e burocráticas em relações calorosas e cheias de vida.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
VIII. Espiritualidade da mulher
Há toda uma espiritualidade própria da mulher, que consiste na consciência de sua vocação ao matrimônio, à maternidade e à consagração, na resposta ao amor de Deus que a chama à santidade, na imitação da Santíssima Virgem, na união com Cristo a modo esponsal. O cultivo das virtudes que são muito caras à mulher também cabe nessa espiritualidade específica: delicadeza, generosidade, temperança, equilíbrio, prudência, firmeza, principalmente no seio de seu lar.
Como esposa, imita Nossa Senhora em seu cuidado com São José. Imita a Igreja, obediente e dócil a Cristo, que lhe protege, tal qual o marido protege sua esposa. Como mãe, imita, igualmente, Nossa Senhora e a Igreja: a primeira, mãe de Jesus Cristo; a segunda, mãe de todos nós pelo Batismo.
Deve, outrossim, a mulher viver em plenitude sua vocação cristã nos ambientes em que desempenha seus papéis.
“Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida.
Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.
Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância.
Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, econômica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do « mistério », à edificação de estruturas econômicas e políticas mais ricas de humanidade.
Obrigado a ti, mulher-consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Cristo, Verbo Encarnado, te abres com docilidade e fidelidade ao amor de Deus, ajudando a Igreja e a humanidade inteira a viver para com Deus uma resposta «esponsal», que exprime maravilhosamente a comunhão que Ele quer estabelecer com a sua criatura.
Obrigado a ti, mulher, pelo simples fato de seres mulher! Com a percepção que é própria da tua feminilidade, enriqueces a compreensão do mundo e contribuis para a verdade plena das relações humanas.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Carta às Mulheres, de 29 de Junho de 1995, nº 2)
IX. A vivência da castidade
“A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.
O que supõe a virtude da castidade?
Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de crescimento.
(...)
Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.” (Comp. Cat., 488-489.491)
X. Aspectos exteriores, símbolos da vida interior.
Todo ser humano deve comportar-se como elegância, como um sinal exterior de sua vida interior. De fato, embora o interior seja o que mais valha, deve ele exteriorizar-se. É próprio da antropologia corretamente entendida que seja assim, dado que o ser humano é dotado de corpo e alma substancialmente unidos. O que é interno deve manifestar-se externamente. Diz-nos a boa filosofia católica que a ordem exterior reflete a ordem interior. Daí que a elegância, como traço natural distintivo da delicadeza da alma, seja própria do ser humano, e, mais ainda, quase que uma obrigação do verdadeiro cristão, mais ainda da mulher. Nossa imagem deve projetar nossos valores pessoais mais profundos: assim, se uma mulher é piedosa, busca a castidade, evitará conversas mundanas e se vestirá com sobriedade; se uma mulher reconhece sua própria dignidade e percebe-se como filha do Deus Altíssimo, usará não será uma “desajeitada”.
A elegância verdadeira deve brotar do interior da mulher. Não só é uma distinção das formas e das maneiras, como, em um sentido mais profundo, um modo como a própria mulher se valoriza e se percebe. Andam juntas elegância e auto-estima (a verdadeira, pois de falsas auto-estimas, mais vaidade do que outra coisa, o mundo contemporâneo está cheio). Como a mulher se sente, assim se projeta no exterior.
E, já que a apresentação pessoal pode abrir portas ou fechá-las (não só profissionalmente, mas até no apostolado!), esse tema da elegância adquire não apenas o significado antropológico, mais profundo, de que até agora estamos tratando, senão, igualmente, um sentido prático.
Bem sabemos que, como católicos, adotamos a cultura do pudor e procuramos trajar vestes distintas, sóbrias e delicadamente elegantes, modestas e ao mesmo tempo dignas, procurando estarmos sempre bem vestidos, conforme a ocasião, e sabendo que boas maneiras, educação, urbanidade e etiqueta são modos de manifestar a virtude da caridade.
“La elegancia abarca todos los modos de presentarse y comportarse la persona. Se extiende también a los objetos humanos de uso más directo y de un modo amplio se puede hablar de una arquitectura o de una ciudad elegante.
(…)
La elegancia, entendida como el buen gusto y el estilo propio en el modo de presentarse, está articulada con el pudor, actitud humana que defiende la intimidad personal.” (Blanca Castilla Cortazar, Antropología de la elegância)1. Elegância, sobriedade e distinção no falar e no portar-se
A elegância não se limita às vestes. É, antes de tudo, um jeito característico de portar-se e de falar. O porte diz tudo: altivo, mas não prepotente; humilde, mas não subserviente; nobre, mas não afetada – assim deve ser a mulher, principalmente a mulher de Deus. Circunspeção e discrição devem ser palavras de ordem à mulher católica.
“Finalmente, quero estimulá-los com toas as ânsias do meu coração a revisar, talvez retificar, e a entregar-se com novo empenho ao trabalho de polir e de aperfeiçoar as suas formas sociais, especialmente o modo de se apresentar e de tratar as pessoas, não só as estranhas, mas os próprios companheiros.” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 21 de setembro de 1966)
Consta que o cristão deve ser moderado e discreto no falar, amante do silêncio, da justiça e da sobriedade. Comportamentos espalhafatosos, teatrais, salientes, devem ser duramente corrigidos, pois não só demonstram uma imaturidade imprópria do católico maduro, como prejudicam seu crescimento humano e, sobretudo, espiritual.
A mulher do Reino deve ser uma mestra na cortesia, nos bons modos, na etiqueta:
• deve saber sorrir, mesmo nas situações adversas;
• deve cumprimentar a todos, superiores e subordinados, a todos tratando com carinho e caridade;
• deve vigiar o tom de suas palavras, procurando não ofender o outro;
• deve ordenar sua casa, evitando gritos na correção dos filhos, por exemplo;
• deve ser consciente de que gargalhadas em uma mulher a fazem vulgar quando em público: pode-se rir com gana e vontade, sem necessidade de fazer escândalo;
• deve saber comportar-se à mesa, como pegar os talheres, como mastigar com delicadeza de gestos;
• deve ser elegante, mas não pedante e afetada: sua elegância e cortesia precisam ser naturais.
Isso nada tem de futilidade. Quando uma mulher se aperfeiçoa na etiqueta, nos bons modos, na cortesia, na elegância, trabalha em todas as áreas de sua vida: sua dimensão física (desenvolvendo uma marca pessoal), sua dimensão humana (aumentando a segurança em si mesma pela certeza de fazer as coisas certas), sua dimensão espiritual (dado que boas maneiras são, em suma, pensar nos outros; etiqueta é um modo de regular a caridade).
2. Elegância, sobriedade e distinção no vestir
“Além disso, sem ostentar cuidados nímios ou impróprios de um homem, o homem do Reino deverá se apresentar sempre com correção e distinção no vestir (...).” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 21 de setembro de 1966)
Vejam que isso não significa que meninas e meninas tenham que se vestir de um modo antiquado, anacrônico. Tal seria uma afetação de matriz puritana, uma atitude esnobe até mesmo. Podemos nos vestir de modo contemporâneo, casual. Mas, com elegância. Justamente aí está a sobriedade. Elegância não é “peruagem”, mas equilíbrio.
A expressão chave para compreendermos isso é “sóbria elegância”, manifestação das virtudes do pudor e mesmo da caridade. Caridade para com os outros, que se sentirão bem ao ver alguém elegantemente vestido, perfumado, de boa aparência. Caridade para com Deus, que não será ofendido por tantas modas que violam o mandamento da castidade.
Sim, pois as roupas nos podem trair, as roupas podem ser causa de olhares dos homens – e quem se veste de modo indigno contribui para o pecado de outrem. As roupas podem ser causa de nosso próprio pecado de falta de pudor.
“A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção errônea da liberdade humana.” (Comp. Cat., 530)
Um texto de Sheila Morataya-Fleishman nos fará refletir:
“A mulher elegante tem, sobretudo, pudor. O pudor é a tendência natural à reserva daquilo que é íntimo. Onde há intimidade brota o pudor.
A intimidade, por si mesmo se recata, se reserva, se oculta em seu próprio mistério, consciente do alto valor que possui. Porque estou convencida disso como mulher, é que, sim, me importa a largura que têm minhas roupas, a forma em que desnudo ou cubro meus ombros, e o detalhe ao usar uma veste que não fique de maneira excessivamente justa nas formas do meu corpo.
Por isso é que, na hora de ir em busca de um estilo pessoal, o qual só pode se manifestar com o tempo, é importante que nos perguntemos: em que creio? Que relação há entre o que creio e o que visto? Existe coerência entre o que digo e dou a entender na hora de vestir-me? Se pela primeira vez se apresentar, inesperadamente, diante de mim uma pessoa que admiro, me sentiria orgulhosa da impressão que lhe dei?” (La presencia que encanta)
3. A “roupa de Missa”
O sacrifício de Jesus Cristo foi oferecido na Cruz, antecipado na Última Ceia, e é tornado novamente presente em cada Missa celebrada. Ceia, Cruz e Missa são o mesmo e único sacrifício de Cristo!
Esse o significado, portanto da Santa Missa: é o mesmo, único e suficiente sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvário, pelo perdão de nossos pecados, tornado real e novamente presente, ainda que de outro modo, incruento, no altar da igreja pelas mãos do sacerdote validamente ordenado. Por isso, a Igreja nos ensina que “o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício.” (Cat., 1367)
Roupas que expõem o corpo devem ser evitadas, i.e., todas aquelas com decotes profundos, shorts e saias curtas, blusas que mostrem a barriga ou boa parte dos ombros e dos braços, calças apertadas ou de ginástica. Melhor que uma mulher utilize uma calça normal ou, melhor ainda (e, em determinados locais, pode ser mais conveniente), uma saia ou vestido. Não nos esqueçamos, outrossim, do piedoso costume das mulheres assistirem Missa de véu cobrindo os cabelos, o que, embora não mais obrigatório, é uma saudável prática que ainda existe em inúmeros lugares.
“Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.” (São Leonardo de Porto Maurício. Tesouro Oculto)
Se no dia-a-dia temos de saber muito bem como nos vestir, ainda mais na Santa Missa, o mais solene momento do universo, a ocasião em que o temos de ter o máximo respeito.
“Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor.” (São Josemaria Escrivá. Homilias sobre a Eucaristia)
XI. Superação pessoal
“Os recursos pessoais da feminilidade certamente não são menores que os recursos da masculinidade, mas são diversos. A mulher, portanto, — como, de resto, também o homem — deve entender a sua « realização » como pessoa, a sua dignidade e vocação, em função destes recursos, segundo a riqueza da feminilidade, que ela recebeu no dia da criação e que herda como expressão, que lhe é peculiar, da « imagem e semelhança de Deus ». Somente por este caminho pode ser superada também aquela herança do pecado que é sugerida nas palavras da Bíblia: « sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará ». A superação desta má herança é, de geração em geração, dever de todo homem, seja homem, seja mulher.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, de 15 de agosto de 1988, nº 10)
O tema da superação pessoal atinge, de modo direto, a mulher de hoje. O recado do movimento feminista é de que, para superar-se e atingir sua realização humana, a mulher deve abrir mão de suas realidades próprias, priorizar o trabalho ou os relacionamentos “abertos” mais do que os “valores arcaicos da sociedade machista” (leia-se, casamento e maternidade).
Bem sabemos, pela própria natureza, sem o recurso à fé, que tal é uma falácia. Já vimos que, embora não seja inferior ao homem, não é a mulher igual a ele. São diferentes, e na diferença encontramos a sadia complementaridade, tal como Deus a quis. Confundem, ademais, as feministas, a realização pessoal com uma mera realização profissional – quando, já o vimos também, o lado profissional, se bem que deva ser valorizado pela mulher, ainda mais a mulher contemporânea, é um adendo à sua vocação primordial, que é de ser esposa e mãe, de um lado, ou consagrada, de outro.
A realização da mulher, portanto, não se esgota no profissional (que, aliás, nem sempre é um campo em que ela atua). Deve realizar-se como pessoa – e isso o faz, mais do que tudo, como esposa e mãe, ou como consagrada –, e de modo integral. Não tem a mulher do Reino só a dimensão espiritual, só a afetiva, só a profissional, só a intelectual, só a apostólica. Não! Nuestro Padre insiste muito em nos dizer que a formação dada no Regnum Christi é a da pedagogia integral: deve-se formar, antes do santo, o homem. “A graça tem necessidade da natureza. Antes de ser santo, é preciso ser homem (...)”(Pe. Marcial Maciel, LC, apud COLINA, Jesús. Minha vida é Cristo, pergunta 88)
Nesse sentido, é que precisam as mulheres do Reino trabalhar em uma formação integral, que lhes ajude no crescimento humano, espiritual e intelectual.
“Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingênuo espírito de imitação que — em geral — a situaria facilmente num plano de inferioridade, impedindo-lhe a realização das suas possibilidades mais originais. Se se forma bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja qual for: sua vida e trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, quer passe o dia dedicada ao marido e aos filhos, quer se entregue plenamente a outras tarefas, se renunciou ao casamento por alguma razão nobre. Cada uma em seu próprio caminho, sendo fiel à vocação humana e divina, pode realizar e realiza de fato a plenitude da personalidade feminina.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
Assim, para viver as virtudes cristãs, tão próprias da dimensão espiritual, o cristão é encorajado a também cultivar as humanas, a adquirir valores: constância, decisão, valentia, sobriedade, distinção no vestir, educação, boas maneiras, humildade, iniciativa, espírito de equipe, atenção às necessidades dos outros, lealdade, honra, honestidade, civismo, cortesia, obediência, cavalheirismo, discrição e moderação no falar, equilíbrio, responsabilidade em todos os seus afazeres. O programa de reforma de vida auxiliar também na formação humana, e a direção espiritual é ocasião de avaliar o crescimento humano, numa prova de que as dimensões se interpenetram de fato.
Nas casas de formação dos Legionários de Cristo, onde são preparados seus futuros sacerdotes, ministra-se uma disciplina acadêmica peculiar, que serve de exemplo a esse campo do treinamento humanístico: aulas de urbanidade. É que no trato cortês com as pessoas, na maneira gentil – mas não afetada – de comportar-se, na sabedoria para discernir as ocasiões em que deve ser rígido ou afável, no cultivo de boas maneiras à mesa, na distinção ao vestir-se, no domínio de seus impulsos, e na sobriedade com as palavras e gestos, demonstra-se o equilíbrio do cristão, algo que é caro à tradição da Igreja, e faz do homem um ser bem formado, capaz de grandes feitos por Deus. Ainda que os membros de primeiro e segundo graus não tenham tais aulas, devem procurar leituras apropriadas e a ajuda dos demais, notadamente seu diretor e o responsável de sua equipe, para formar-se também em urbanidade, etiqueta, boas maneiras – que, aliás, são expressão inequívoca de caridade, mola mestra da espiritualidade cristã.
Atividades esportivas e mesmo as ações apostólicas e espirituais quando feitas em equipe, grupo, também ajudarão na construção daquelas virtudes humanas acima referidas, contribuindo para a formação do caráter. O católico militante, além do bom cristão que pretende ser, quer, igualmente, exercer competentemente seu labor profissional, seus deveres familiares e estudantis, comportar-se com modéstia e elegância, distinguindo-se pela bondade e pela liderança. Aliás, é por desejar ser bom cristão que assim se comporta, visto que o cristianismo não é uma idéia espiritual apenas, mas uma doutrina concreta que deve se encarnar na vida completa do homem. Para sua formação humana, outrossim, não se lhe escapa uma sólida base intelectual.
Deve a mulher do Reino trabalhar fortemente na formação de sua vontade, pois é essa faculdade da alma que lhe será particularmente útil na perseverança do bem e na recusa do pecado. “É conveniente que exercite muito a sua vontade, vencendo-a com coragem e por amor a Jesus Cristo naquelas coisas que mais te custam, não cedendo um milímetro por preguiça, inapetência, apatia ou algo semelhante. Cada mão da abnegação, essa virtude imprescindível em quem se trata de seguir a Cristo pelo caminho do Calvário, e, todavia, se cair mil vezes, levante-se e caminhe, porque a vitória é só daqueles que se esforçam e lutam. Não aceite nunca em seu interior o sofisma do homem velho: ‘É que não tenho vontade’. Você sabe que tem e que nas coisas do seu agrado, a vontade traz a tona todos os recursos para alcançar tal coisa. Pois bem, convença a ti mesmo do que pode: que pode ser um santo, que pode ser um grande apóstolo, que pode ser bom estudante, que pode ser mais decidido e incisivo em sua pessoa, etc. E vá em frente.” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 30 de março de 1981)
O esforço por uma luta contínua, de auto-aperfeiçoamento, é o programa de vida do cristão. Em uma carta a uma senhorita do Movimento Regnum Christi, Nuestro Padre ensina: “Quero convidá-la a ter paciência consigo mesma e com as suas falhas e limitações. Pense que a santidade não é trabalho de um dia, mas de toda a vida; que toda a vida é luta com suas vitórias e fracassos. Simplesmente tenha a certeza de que, se você luta e se esforça, no final do seu caminho se encontrará com Cristo, que lhe abrirá os braços apesar das suas misérias e quedas, porque Ele é Pai e conhecerá o seu esforço.” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 16 de junho de 1979)
Sem embargo, um líder, um membro do Movimento Regnum Christi, deve desenvolver uma forte estrutura de pensamento, criando um espírito crítico e melhorando suas capacidades intelectuais, na medida dos talentos dados por Deus e tendo por modelo a inteligência de Cristo e dos santos.
O membro do Regnum Christi visa a adquirir um amplo conhecimento das disciplinas próprias de sua profissão. Sabe que sendo um excelente profissional ampliará suas qualidades humanas (ligação com a formação humana), e exercerá um melhor serviço a Deus, o que é causa de santificação (ligação com a formação espiritual). Não lhe é alheio o leque das demais áreas da ciência e da cultura, de modo que deve primar por conhecer línguas, países, história, e dominar num ou noutro grau, conceitos básicos de raciocínio e filosofia. Para enfrentar os problemas que o mundo moderno, tão longe de Deus, apresenta, prima por ser intelectualmente capaz de apresentar respostas ao homem. Ele entende que sem a graça, sem a formação espiritual, nada pode fazer; mas também percebe que essa graça manifesta-se aos outros ordinariamente pelos meios naturais, de maneira que, v.g., um professor católico de História, bem formado, poderá defender a Igreja e a Idade Média das calúnias que seus inimigos propagam, e o advogado, o político e o médico devidamente orientados, intelectualmente preparados em suas profissões, no pensar e na doutrina católica, poderão ser muitos úteis no combate à cultura de morte que promove o aborto, a “camisinha”, a eutanásia.
As verdades da fé, vemos, não podem ser descuidadas nessa dimensão. É outro ponto de ligação entre a formação espiritual e a intelectual. Quem crê quer saber também por que crê!
“Vivemos numa sociedade que não admite facilmente as crenças tradicionais. A hegemonia das ciências positivas impôs nas mentes a necessidade de avaliar racionalmente qualquer convicção. Crer, hoje, exige justificar ante a própria consciência os motivos pelos quais se crê e, ante os demais, dar uma razão daquilo que se crê. O que dizia São Pedro aos primeiros cristãos, incompreendidos em sua conduta exemplar, perseguidos por sua fé em Jesus Cristo: ‘Vivei sempre dispostos a dar uma resposta a todo aquele que vos peça razão de vossa esperança.’ (1Pe 3,15) O que é que crê um cristãos? O que significa aquilo que crê? Por que o crê? Aos homens do Reino não se pede que façam um curso especializado de alta teologia. Porém, é imperativo que estudem e aprofundem sua fé, que tenham a inquietude de conhecer mais a fundo o conteúdo de sua fé cristã e que procurem os meios práticos para alcançar esta meta (...), por conhecer e aprofundar a doutrina católica, descartando qualquer resíduo de negligência ou passividade nesta matéria. O Movimento oferece-lhes alguns meios, como os círculos de estudo, a orientação moral, cursinhos e ciclos de conferências monográficas, etc. Porém, é preciso que cada membro se esmere, por iniciativa própria e com a ajuda do orientador espiritual, em procurar leituras adequadas que o ajudem a aprofundar cada vez mais o conhecimento de sua fé.” (Pe. Marcial Maciel, LC. As Dimensões Apostólicas da Vocação Cristã)
Ser melhor jovem, melhor consagrada, melhor esposa, melhor mãe, melhor profissional, melhor católica, melhor catequista, melhor amiga, cultivar a elegância, a sobriedade no falar e no vestir, buscar a distinção nos gestos, aperfeiçoar-se nas virtudes, corrigir os defeitos: eis o programa de vida de uma mulher católica!
XII. O campo de ação apostólica da mulher
“Através das cartas que recebo diariamente dos membros das diversas seções femininas do Regnum Christi, posso perceber seus anseios de santidade e de esforços por levar a cabo a missão apostólica que lhes foi confiada por Deus. Comprovo que o Espírito Santo vai operando maravilhas em suas almas, impulsionando-as sempre ao bem e até um maior amor a Deus e aos demais.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
Diz Nuestro Padre Fundador que “se alguma instituição cristã não é individualista é o catolicismo, que se distingue por seu caráter essencialmente comunitário e hierárquico. Porém, desgraçadamente, o individualismo invadiu a Igreja e a tem fortemente condicionada. Este individualismo leva o nome da ‘contestação’ ou do rechaço. Desta maneira, a atitude laicista e anti-religiosa conseguiu penetrar na Igreja, e são muitos os católicos que, cientes ou não, aceitam e compartilham a agenda do laicismo. Os promotores dessa revolução eclesial insistem de tal maneira na modernização da doutrina da Igreja que a mensagem de Cristo começa a desaparecer. Apresentam Jesus Cristo como uma figura carismática meramente humana, não como o Filho de Deus. Em ambos os lados do Atlântico existem grupos que denunciam as estruturas de governo da Igreja como arbitrárias e não representativas. Questionam o caráter universal da Igreja, a jurisdição do Vigário de Cristo e seu direito e dever de ensinar com autoridade. No campo da moral, esses grupos propagam com suas mensagens e comunicados a imagem de um Papa insensível e cruel diante das tragédias e sofrimentos de tantos homens e mulheres. Afinal de contas, o que esses indivíduos pretendem é que a Igreja dê luz verde para o que eles entendem como grandes e urgentes ‘obras de misericórdia’, como o aborto, a homossexualidade, o sacerdócio feminino, o divórcio, a anticoncepção, a eutanásia, a fecundação ‘in vitro’, a livre interpretação dos artigos da fé, e a espiritualidade ‘sensível’ do ‘isto me faz sentir bem.’” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
É contra essa situação toda que os católicos, unidos ao Papa, devem lutar, em seu campo de atuação profissional, no seio de suas famílias, e pela ação apostólica organizada e eficaz. Sobretudo o Regnum Christi, que possui essa vocação primordial de instaurar o Reino de Cristo nas almas e nas sociedades.
“A mulher está destinada a levar à família, à sociedade, à Igreja, algo de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: sua delicada ternura, sua generosidade incansável, seu amor pelo concreto, sua agudeza de engenho, sua capacidade de intuição, sua piedade profunda e simples, sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível, e se não a insere na própria vida.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
Nessa luta toma parte também a mulher do Reino, com sua missão específica.
“A mulher do Reino, quando responde ao chamado de Cristo a pertencer ao Movimento, assume como próprio o compromisso de estender o Reino de Cristo nos corações e na sociedade pelos meios mais eficazes. Cristo e a Igreja esperam dela sua contribuição peculiar na realização deste carisma.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
1. Transmissão da fé e educação nos valores religiosos“Em razão de sua missão materna, a mulher possui especiais dotes pedagógicos que também se aplicam à formação religiosa. Daí que a mulher na Igreja tenha, desde as origens, um posto de primeiríssima ordem no que se refere à comunicação e difusão da fé, sobretudo esse tipo de comunicação pessoal que se absorve pelo testemunho, mais do que por muitas palavras. Quantos de nós devemos a nossas mães o tesouro imenso da fé católica, que elas nos transmitiram com a mesma espontaneidade com que nos deram a vida, nos alimentaram ou nos vestiram!” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
2. Catequese na paróquia, na escola, em grupos. Apostolados vários“Porém, a missão de comunicar a fé não se esgota na própria família. Deve-se estender à catequese paroquial ou escolar, à evangelização da juventude ou dos adultos, a tudo o que se relaciona com o testemunho alegre e valente da fé; testemunho que será tanto mais convincente quanto mais se apóie na própria santidade de vida.“ (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
Além do trabalho apostólico em paróquias e colégios, quantos apostolados podem as senhoras e as jovens católicas desenvolver! A ajuda financeira às obras da Igreja, a organização de atividades beneficentes, as obras caritativas, culturais, evangelísticas. Podem, com sua peculiaridade feminina, auxiliar em centros de atendimento às famílias, atendendo às pessoas que sofrem material, espiritual e emocionalmente, aconselhando casais. Podem usar de seus talentos profissionais para secretariar centros de apostolado, para gerenciar obras apostólicas, escolas, institutos, faculdades, para neles dar aula. E, enfim, aportar com sua delicadeza intrínseca nas atividades mais devocionais, ou nas ações internas de formação espiritual em seus grupos e movimentos.
3. A oblação própria da mulher
Mais do que um fazer algo, a mulher colabora com a obra de Cristo no mundo pelo oferecimento de sua própria vida. Claro, todos, homens ou mulheres, somos chamados a isso. Todavia, no caso da mulher, há toda uma mística que lhe é própria: a imitação da Santíssima Virgem.
De fato, Maria foi aquela que nada falou, mas tudo fez, quando, diante do anúncio da Encarnação, deu seu “fiat” à vontade divina. Agüentou tudo: a separação de Jesus, que saiu para seu ministério público, a solidão humana, o desprezo, o escárnio dos que zombavam de seu Filho, e até a suprema dor ao ver Cristo morto. É essa Nossa Senhora das Dores, com o coração traspassado pela espada do sofrimento, o modelo por excelência da mulher do Reino.
Esse oferecimento da vida, tudo suportando por amor a Cristo, é uma espécie de apostolado invisível, imperceptível, mas que não poucas almas tem salvo, e não desprezível ação da graça tem produzido no mundo.
4. Luta contra o feminismo radical
a) pelo correto entendimento das relações entre homem e mulher
b) pela valorização de sua maternidade
c) pelo apostolado discreto das pequenas coisas
d) pelo vestir-se
XIII. Conclusão
“O Regnum Christi proporciona dentro da Igreja um espaço espiritual onde a mulher cristã é ajudada a compreender-se a si mesma na beleza, na potencialidade e na responsabilidade de sua condição e de sua missão, e é motivada a levar ao mundo o que Deus e a graça de Cristo põem nessa sua condição de mulher e de crente.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
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