sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Homeopatia e Catolicismo são compatíveis?

 

Segundo Dom Estêvão Bettencourt, em seu opúsculo para a Escola Mater Ecclesiae:

1.Etimologia

Apalavra homeopatia vem do grego, ou seja, dos vocábulos homoios, semelhante,e pathos, dor, enfermidade. No início do século XIX, tal palavra foicriada para designar o sistema de prática médica fun­dado em Leipzig (Alemanha)pelo Dr. Hahnemann em 1796. Essa nova terapia se opunha à alopatia (do gregoallos, outro) ou à medicina convencional. Ba­seava-se num princípio muito caro aos antigos, que rezava: Similia similibus curantur, (as coisas ou os efeitossemelhantes curam-se com coisas ou efeitos semelhantes) e proclamava o seguinte programa: as doenças sejam tratadas por doses mínimas de re­médios que produzirão em pessoas sadias os mes­mos sintomas que produzem nos enfermos dessa doença ou os mesmos sintomas que causam em pessoas enfermas.

2.Em que consiste a homeopatia?

Ahomeopatia ou homeoterapia é um sistema médico fundado no séc. XVIII porChristian Friedri­ch Samuel Hahnemann (1755-1843). Apresentan­do uma doutrina coerente, se bem que maleável, a homeopatia baseia-se no princípio da similitude, no princípio da diluição ou atenuação da substância medicamentosa,e ainda nos princípios de indivi­dualização do doente e do remédio.

2.1.Descoberta do princípio de similitude

Insatisfeito com a medicina de seu tempo, Hahnemann interrompeu a prática clínica e dedi­cou-sea traduzir livros médicos como ganha-pão. Em 1790, com 35 anos de idade, ao traduzir a obra A Matéria Médica, de William Cullen (1710-1790), ficouintrigado pelas explicações dadas a respeito das propriedades da quina.

Hahnemann decidiu experimentar em si mes­mo a ação da droga, tomando durante vários diasfortes doses. Observou o aparecimento de sinto­mas de um estado febril intermitente, semelhante às febres curadas pela quina. Concluiu então que assubstâncias que provocam uma espécie de fe­bre cortam as diversas variedades de febre inter­mitente.

Hahnemann realizou, em si e seus discípu­los, experiências semelhantes com o mercúrio, abeladona, a digital e outras drogas, chegando sempre a resultados idênticos.Formulou então o prin­cípio similia similibus curantur (os semelhantes sãocurados pelos semelhantes), base de sua dou­trina homeopática. Retomandocontato com alguns aspectos da tradição hipocrática (principalmente o seu sintomatologismo), Hahnemann expõe suas concepções médicas sucessivamente no Organonder Heilkunst (1810; Sistema de medicina), em Reine medizinischeWissenschaft (1811-1821; Ci­ência médica pura), e em Homöopathische Lehreund Behandlung der chronischen Krankheiten (1822; Teoria e tratamento homeopático das doen­ças crônicas).

Atualmente,poderia formular-se o princípio essencial da homeopatia da seguinte forma: todasubstância que, em dose ponderável, é capaz de provocar no indivíduo sadio umquadro sintomáti­co dado, pode também fazer desaparecer sintomas semelhantes noindivíduo doente, se prescrita em pequenas doses.

2.2.Princípio de diluição ou atenuação

Na definição de homeopatia, está já incluído um outro princípio cuja descoberta sedeve igual­mente a Hahnemann. Para a medicina homeopáti­ca, o processo depreparação dos medicamentos baseado em diluições infinitesimais seria capaz de desenvolver extremamente as virtudes medicinais dinâmicas das substâncias grosseiras.

A diluição hahnemanniana é preparada de acordo com o método dos frascos separados, em diluições decimais ou centesimais, as quais são as mais usadas na França e no Brasil. Para obter a primeira diluição centesimal, coloca-se no primeiro frasco uma parte ponderável do medicamento e completa-se com cem partes, em volume, do veí­culo. Para obter uma segunda diluição centesimal, uma parte do volume da primeira diluição é despe­jada no segundo frasco e acrescentam-se 99 par­tes, em volume, do veículo. Para as diluições ulte­riores procede-se da mesma maneira até o último frasco. A escala decimal faz-se acompanhar por um X (ou um D). Se a escala é centesimal, não é necessário adicionar sinal algum, embora se usem por vezes as letras CH ou apenas H.

2.3.Princípio de individualização do doente

Na perspectiva hahnemanniana, não existem propriamente doenças, mas doentes. Sendo toda doença individual, todos os sintomas têm importân­cia, pois traduzem a reação individual do doente. É indispensável individualizar a doença e a forma que ela reveste no sujeito considerado. Conseqüente­mente, cada forma clínica é ao mesmo tempo uma forma terapêutica. Embora todos os sintomas se­jam importantes, não deixa de ser necessário ava­liar a importância peculiar de cada um deles e, even­tualmente, sua significação especial no conjunto.

2.4. Individualização do remédio

Se a doença exprime seus caracteres pelos sintomas que provoca no homem doente, é por aqueles que provoca no homem sadio que o remé­dio exprime os seus efeitos.À imagem da doença corresponde uma contra-imagem do remédio. As características do remédio são obtidas pela expe­rimentação no homem sadio.

3.Evolução da homeopatia

Ainda em vida do mestre, mas, sobretudo, após sua morte, os discípulos de Hahnemanndi­vergiam quanto à atitude a adotar frente à medicina dominante: os 'puros'defendiam uma orientação exclusivamente homeopática, enquanto os 'ecléti­cos'eram favoráveis à utilização de outras tera­pêuticas, sempre que necessário.

Se bem que continue sendo uma corrente minoritária dentro da medicina contemporânea, a homeopatia, favorecida por um renascimento do hi­pocratismo,tem obtido nos anos mais recentes uma audiência crescente. Os autores homeopatas as­sinalam mesmo uma convergência entre as suas concepções fundamentais e as principais desco­bertas da medicina moderna oficial, pondo ao mes­mo tempo em relevo o uso diferente que fazem des­sas descobertas.

A vacinação, as curas realizadas com princí­pios extraídos das próprias manifestações patogê­nicas, os antibióticos (em homeopatia, substituídos pelosnosódios e bioterápicos, simples ou comple­xos), os tratamentos de alergias baseados em es­pecíficos individuais, aparentam-se ao princípio da similitude hahnemanniano. Quanto à atenuação da substância medicamentosa, os homeopatas obser­vam que a medicina clássica faz hoje uso corrente de diluições elevadíssimas.

 

4.Conclusão

De toda esta explanação depreende-se que a homeopatia, como tal, não está associada ao Espiritismo nem a alguma corrente "mística".

O tratamento homeopático é compatível com a fé católica. Há mesmo muitas pessoas genuina­mente católicas hoje em dia que se tratam pela ho­meopatia. Se os espíritas privilegiam tal tratamen­to, isto se deve a interpretações pessoais não obri­gatórias.

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