Na próxima terça-feira, 10 de abril, à noite, todas as paróquias e capelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro estarão unidas em oração pela defesa da vida dos bebês portadores de anencefalia. A Vigília pela Vida, conforme convocação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) — à qual o Arcebispo Metropolitano, Dom Orani João Tempesta, aderiu —, na Cidade Maravilhosa, contará com o roteiro “Rezando pela Vida” para uma Hora Santa.
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A Vigília pela Vida acontecerá na véspera da data marcada para que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise em plenário a ação que pede a descriminalização do aborto de anencéfalos - casos em que o feto tem má formação no cérebro. Até então somente as decisões judiciais obtidas caso a caso têm validade. No entanto, se o STF definir esse tipo de aborto como constitucional poderá estar abrindo precedente para a descriminalização de outras formas de aborto, como as que já foram propostas em projeto que tramita no Congresso Nacional.
— Mesmo que seja breve, todos têm direito à vida, e por isso ela deve ser acolhida como dom e compromisso. Nós, que acreditamos em Cristo, não podemos permitir que a legislação abra caminhos para que a vida seja desvalorizada em nosso país, afirmou Dom Orani.
Para o Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio e presidente da Comissão Arquidiocesana de Promoção e Defesa da Vida, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, o julgamento da constitucionalidade do aborto de anencéfalos não diz respeito somente aos que creem em Deus:
— Isso não é uma questão religiosa. Isso é, sobretudo, uma questão de cidadania, de defender os mais frágeis em qualquer sociedade, ressaltou.
— O Arcebispo do Rio — que presidirá a Vigília pela Vida, às 22h desta terça-feira, 10 de abril, na Capela do Edifício João Paulo II, na Glória, com transmissão pela Rádio Catedral FM 106,7 — se preocupa com o futuro de uma sociedade que não valorize a vida incondicionalmente.
— Decisões mal-tomadas hoje vão refletir no futuro da humanidade. Que tipo de humanidade nós estamos construindo? Que tipo de valor nós damos ao ser humano? Que tipo de valor damos à vida? – questionou Dom Orani.
Maioria dos brasileiros é contra legalização do aborto
Ao julgar a constitucionalidade do aborto de anencéfalos, o STF deverá estar ciente de que, segundo pesquisa do Instituto Vox Populi de 2010, a maioria dos brasileiros continua sendo contraria à legalização do aborto. Os dados revelaram que 82% dos entrevistados são contra mudanças na normativa jurídica que regulamente o tema. Dentre as 2.200 pessoas que foram questionadas sobre o assunto, 1.760 disseram acreditar que a legislação não deve ser alterada. Apenas 14% são favoráveis à descriminalização da prática, enquanto 4% não possuem opinião formada ou não quiseram responder à pergunta.
Muitos grupos religiosos e entidades ligadas à defesa da vida têm se posicionado com veemência contra a constitucionalidade do aborto, se dirigindo via correio, e-mail e fax aos ministros do STF, com textos claros e questionadores, como o trecho que segue, encaminhado pela Associação Nacional Mulheres pela Vida:
“Em hipótese alguma queremos que o nosso país se transforme numa sociedade fria e cínica onde os deficientes de qualquer natureza sofram odiosa e injusta discriminação. O que queremos é justamente o contrário. Será que foi em vão que os nossos pracinhas lutaram na II Guerra Mundial para derrotar o nazismo, para que agora, setenta anos depois, imitemos as práticas cruéis e discriminatórias deste sistema desumano? Que precedente estaria Vossa Excelência abrindo autorizando o aborto de crianças anencéfalas? Quais seriam os próximos deficientes discriminados? Os portadores de síndrome de Down? Os deficientes visuais? Que mensagem estaremos passando aos numerosos deficientes deste país? Que não os admitimos no banquete da vida? Que apenas os suportamos por já estarem nascidos?”
Entenda mais sobre a ação
Foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS) que iniciou a ação em 2004, sob a alegação de que a criminalização do aborto de anencéfalos ofende a dignidade da mãe, que também corre risco de morrer com a gravidez. No entanto, a Igreja Católica, outros segmentos religiosos e entidades em defesa da vida, lutam para que se respeite o direito de nascer e para que a mulher não sofra consequências pela prática do aborto.
A CNBB, por ocasião do primeiro julgamento do caso, em agosto de 2008, publicou uma nota que explicita a posição da Igreja.
“A vida deve ser acolhida como dom e compromisso, mesmo que seu percurso natural seja, presumivelmente, breve. (...)Todos têm direito à vida. Nenhuma legislação jamais poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito. Portanto, diante da ética que proíbe a eliminação de um ser humano inocente, não se pode aceitar exceções. Os fetos anencefálicos não são descartáveis. O aborto de feto com anencefalia é uma pena de morte decretada contra um ser humano frágil e indefeso. A Igreja, seguindo a lei natural e fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo, que veio “para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10), insistentemente, pede, que a vida seja respeitada e que se promovam políticas públicas voltadas para a eficaz prevenção dos males relativos à anencefalia e se dê o devido apoio às famílias que convivem com esta realidade”.
— Não existe uma sociedade justa, onde as pessoas se sintam bem e seguras, se o direito à vida não for respeitado, alertou Dom Antonio Augusto.
Baixe o roteiro “Rezando pela Vida” para a Hora Santa da Vigília e partcipe em sua comunidade: Rezando pela vida (1).doc
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