Em 14 de julho foi publicado na Gazeta do Povo, de Curitiba, o texto “Nós, as Vadias”, de Maíra de Souza Nunes, em nome do Movimento Marcha das Vadias de Curitiba.
Maíra inicia assim o seu texto:
“Em 2011 ouviu-se a seguinte frase: ‘Evitem vestir-se como vadias para não serem estupradas’. Percebendo que essa afirmação culpa a própria vítima pela agressão sexual, decidimos ir às ruas pelo fim da culpabilização da mulher e para gritar que a culpa do estupro é sempre do estuprador.
Ao discutirmos o uso da palavra “vadia” para intitular o movimento, percebemos a força de opressão que o termo carrega. Vadia é aquela que se veste como quer, que não realiza todos os desejos do homem, que tem uma personalidade forte, que exerce sua liberdade sexual. Vadia é a mulher que trabalha para sustentar a casa, que apanha do marido, que faz sexo forçado. Vadia é a mulher que não tem voz na nossa sociedade patriarcal, que existe apenas para realizar os desejos do outro, que é vítima da violência.
E então descobrimos: somos todas vadias.[...]”.
O texto já começa com um erro de lógica. O fato de eu aconselhar minha filha, por exemplo, a vestir-se de forma mais recatada, para se preservar, nada tem a ver com culpá-la por uma possível agressão. A culpa da agressão é do agressor. Sabendo que agressores existem e existirão sempre, embora seu número possa diminuir bastante, com as políticas criminais e educacionais certas, é sempre válido o conselho de vestir-se com recato, da mesma forma que é válido dizer a uma mulher que evite usar joias em determinados lugares e horários, que evite sair sozinha à noite, que evite passar em determinados becos e ruas, para evitar assaltos e estupros.
A definição da palavra “vadia” também me intrigou. Ora, é um xingamento, e como tal será aplicado àquelas pessoas que nos desagradam, que nos agridem, que nos contrariam... àquela infeliz que nos deu uma fechada no sinal, por exemplo. Criar um discurso ideológico em cima de algo tão instintivo e descomprometido quanto um xingamento é no mínimo uma bobagem.
Conheço mulheres que são ativas e livres sexualmente e são bastante reservadas e discretas. Não saem por aí “vestidas para matar” no seu dia-a-dia nem fazer o gênero femme fatale 24 horas por dia. Se vão a uma festa, com uma roupa mais sexy ou provocante, tomam suas precauções. Não é uma conduta que seja compatível com meus princípios religiosos, mas não posso deixar de reconhecer que têm o controle de sua vida, são coerentes com o que acreditam.
Ser excessivamente sexy é deixar-se governar por instintos, e, pior, oferecer um banquete visual para os homens... a mulher que se diz tão livre, é na verdade prisioneira do olhar e da aprovação masculina, e não, não me venham com o papo de que a mulher “não se veste para os homens, mas para ela mesma”, pois quando passamos horas nos arrumando e maquiando, queremos, sim, sermos notadas por eles. Sem hipocrisia, meninas!!
Tenho personalidade forte e posso ter sido xingada de vadia algumas vezes, mas não preciso assumir esse rótulo. Que xinguem!
As mulheres que apanham do marido e que fazem sexo forçado são vítimas e ponto final. Merecem nossa assistência.
Aí vem a brilhante conclusão: “somos todas vadias” – nós, quem, cara pálida??!!! Não faço parte desse grupo que vai às ruas para chocar e militar por ideias como a legalização do aborto, que absolutamente não é consenso entre as mulheres brasileiras. Me incluam fora dessa!!!
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